A decisão está tomada e já não há volta a dar: a 1.ª Divisão do Campeonato Popular de Barcelos será alargada para 16 clubes na próxima temporada. O anúncio da direção, que se apresentou a sufrágio com lista única e detém total autonomia para conduzir os destinos do campeonato, gerou ondas de choque no seio de alguns clubes, mas também deixou outros em estado de euforia.

Entre os grandes beneficiados está o Perelhal, que estava despromovido à 2.ª Divisão, mas viu-se repescado, ganhando uma inesperada nova vida entre os maiores. O Paradela também foi contemplado com a subida, sem o habitual percurso competitivo que leva até lá. Dois brindes caídos do céu — ou da mesa da direção.

Nem todos ficaram satisfeitos, claro. O Várzea, que desceu desportivamente, entenderá que o critério correto poderia ser descerem duas equipas e subirem quatro da 2.ª Divisão. Já o Sequeade defende uma leitura mais ambiciosa: que subissem seis equipas e descessem quatro, um modelo mais coerente com o espírito de um verdadeiro alargamento.

Mas os decisores optaram por dividir os ganhos, distribuindo as subidas de forma a acomodar sensibilidades e garantir uma nova estrutura com um número redondo: 16 clubes na principal divisão do futebol popular barcelense. A acusação de "palhaçada" não tardou, como já é hábito sempre que se mexe no coração do campeonato. Mas verdade seja dita: há mais de 30 anos que nenhuma direção escapa às críticas, venha quem vier.

O curioso é que, apesar das vozes discordantes e dos protestos inflamados nas redes sociais, o campeonato Popular de Barcelos continua a crescer. Este ano, chega-se à marca recorde de 43 clubes inscritos — e a tendência será que em 2026 esse número poderá até aumentar. Muitos falam mal, mas niguem quer ficar de fora.

Aos mais exaltados, convém recordar: no Popular não há espaço para impugnações nem para recurso aos tribunais civis — quem o fizer, fica automaticamente fora da competição. É a regra do jogo e todos a conhecem à partida.

Para terminar, vale a pena mencionar um episódio insólito que aumentou o mal-estar: inicialmente, foi comunicado que o Sequeade seria um dos privilegiados na subida, mas passadas duas horas a decisão foi corrigida. Afinal, as contas estavam mal feitas — o Paradela apresentava melhor coeficiente e foi esse o critério validado. A troca de posições gerou desconforto total em Sequeade, que se viu fora da lista de promovidos por um erro que nunca devia ter acontecido.

No fim, como quase sempre acontece, a bola acabará por calar o ruído. Quando o campeonato arrancar e a paixão regressar aos campos, os mais descontentes acabarão por se render ao inevitável: o futebol joga-se no campo, não na mesa.