Caiu o pano do Campeonato Popular neste passado domingo, numa jornada carregada de emoções, onde houve alegrias para quem conseguiu resistir à descida e tristeza para os despromovidos. Cinco clubes entraram em campo com o objetivo de garantir a permanência — mas dois teriam de cair. A fava calhou ao Várzea e ao Perelhal, que não conseguiram vencer os seus adversários, acabando por selar o destino com a descida à 2.ª divisão.

O GDR Campo segurou a manutenção com um empate frente ao Várzea (1-1). Um resultado que foi suficiente, mas por muito pouco: em caso de derrota, seria o Campo a descer. Cada ponto contou — e cada clube em risco lutou pela vida até ao fim.

O Negreiros protagonizou uma das maiores surpresas da jornada, ao vencer o Palme fora de portas por 1-0, quebrando uma série de cinco vitórias consecutivas do adversário. Ainda mais surpreendente foi o Pereira, que venceu o Leocadenses por 3-1 — resultado que selou a sua permanência.

O jogo entre Várzea e Campo era o único confronto direto entre aflitos. O empate beneficiava o Campo, mas o Várzea sabia que só a vitória interessava. Já o Perelhal, com os outros resultados, bastava-lhe empatar frente ao Remelhe para se manter. No entanto, sofreu uma pesada goleada por 0-6, com o primeiro golo logo no minuto inicial. Um jogo que demonstrou a força do Remelhe, que tratou todos os adversários da mesma forma — sem facilitar, mesmo perante equipas em dificuldades. Já noutros campos, ficou no ar a dúvida: terá havido quem não tenha feito tudo para vencer os aflitos?

Feitas as contas, três dos quatro clubes que tinham subido na época passada voltam à 2.ª divisão: Várzea, Fragoso e Lijó. O único a escapar foi o GDR Campo, enquanto o Perelhal, que nas últimas duas épocas lutou por títulos e conquistou uma Taça e uma Supertaça, acaba por cair.


Melhores Marcadores

  • Nuno Pombo garantiu o título de melhor marcador com mais um golo, superando Rui Faria (Várzea), que também marcou nesta última jornada.
  • Hugo (Leocadenses) terminou com 22 golos, Rui Faria com 20.

Destaques da Jornada

  • Nakata e Pedro (Carapeços) bisaram na goleada por 6-1 ao Fragoso.
  • Flecha (Pereira) também bisou na surpreendente vitória por 3-1 frente ao Leocadenses.
  • Kiko (Remelhe) marcou dois golos na goleada por 6-0 ao Perelhal.

A época termina com lágrimas para uns, alívio para outros — e com a certeza de que o futebol popular de Barcelos continua a oferecer emoções até ao último segundo.

Leocadenses 1-3 Pereira

Pereira surpreende Leocadenses e garante permanência

Começamos precisamente por este jogo, que surpreendeu a maioria dos adeptos do futebol popular. Um Pereira a lutar pela vida defrontava um Leocadenses já em modo de relaxamento, depois de garantir o lugar de vice-campeão. Os anfitriões   aproveitaram para rodar a equipa, dando oportunidade às segundas e terceiras linhas que fizeram parte desta caminhada até ao topo, onde só os Leões da Serra se mostraram superiores.

Depois de uma primeira meia hora equilibrada, começou a desenhar-se a vitória da turma do Pereira, com Flecha a inaugurar o marcador aos 34 minutos (0-1), resultado com que se chegou ao intervalo. Já na segunda parte, o mesmo Flecha bisou aos 55 minutos (0-2), ampliando a vantagem. Aos 80, foi Appiah quem fez o terceiro (0-3), e, perto do fim, ainda houve tempo para Hugo consolidar o seu lugar na lista dos melhores marcadores, ao apontar o golo de honra dos Leocadenses e fixar o resultado final em 1-3.

Um jogo que parece ter deixado ambos os clubes satisfeitos: o Pereira garantiu a permanência  , enquanto o Leocadenses fechou a época com a consolação de ter o melhor marcador do campeonato, Hugo, com 22 golos. Curiosamente, Rui Faria, do Várzea,  terminou em 2º lugar com 20 golos, ao marcar o único da sua equipa nesta jornada.

Agora, os clubes pensam já na próxima época. O Pereira terá de refletir sobre o que correu mal para não voltar a passar por apuros, enquanto o Leocadenses procurará reforçar-se de forma a finalmente ultrapassar os Leões da Serra — uma equipa que não vacilou nos momentos decisivos.

Lijó 1-4 Leões da Serra

Leões da Serra fecham campeonato com goleada e já pensam na final da Taça

Os Leões da Serra regressaram às vitórias depois de um período de relaxamento natural, após garantirem matematicamente o título. A última jornada levou-os até ao terreno do Lijó, onde fecharam com chave de ouro um campeonato quase perfeito, em que apenas o Leocadenses conseguiu incomodar a sua liderança até perto do fim.

Com um Lijó já a pensar na próxima época na Segunda Divisão, os Leões não encontraram grandes dificuldades para impor o seu futebol. Casais abriu o marcador aos 44 minutos, estabelecendo o 0-1 com que se chegou ao intervalo. Logo no início da segunda parte, Bento ampliou para 0-2 aos 55 minutos. Matheus aumentou a vantagem aos 70 (0-3), David fez o 0-4 aos 85, e o Lijó ainda conseguiu o tento de honra já aos 90 minutos, fixando o resultado final em 1-4.

Com esta vitória, o Lijó encerra uma época difícil, com o desaire da descida consumado e a necessidade de preparar o regresso à 2ª divisão . Já os Leões da Serra, campeões consagrados, ainda têm um último desafio pela frente: a final da Taça Cidade de Barcelos, frente ao Sequeade. O jogo está marcado para o dia 8 de junho, às 16h00, no Estádio Cidade de Barcelos. Os Leões partem como favoritos, perante um Sequeade que falhou a subida de divisão na última jornada, mas que promete dar luta até ao fim.

Aguas Santas 1-0 Macieira

Vitinha dá vitória ao Águas Santas e garante 5.º lugar na última jornada

No Campo Dr. Teotónio da Fonseca (Águas Santas), a equipa da casa recebeu e venceu o Macieira por 1-0, com o único golo da partida a surgir logo aos 9 minutos, apontado por Vitinha — o herói da manhã.

Esta vitória permitiu ao Águas Santas garantir o 5.º lugar na tabela, enquanto o Macieira caiu para a 7.ª posição. Num campeonato equilibrado, ambas as equipas, apesar de terminarem em zonas relativamente tranquilas, tiveram de recorrer à calculadora nas últimas jornadas, já que o espectro da descida chegou a pairar.

O Macieira realizou uma época regular, com apenas duas derrotas na segunda volta, mas com demasiados empates a penalizar o desempenho — sete empates em 8 jogos. Já o Águas Santas passou por um período menos positivo, mas com a chegada do novo treinador, a equipa deu sinais claros de melhoria e terminou o campeonato com classe e solidez.

.Palme 0-1 Negreiros

Negreiros escapa à descida na última jornada com golo solitário de Huguinho

Passamos agora à segunda grande surpresa da jornada, a condizer com a vitória do Pereira frente ao Leocadenses. O Palme , que vinha numa excelente sequência desde a chegada de Tiago Losa na 17.ª jornada — com cinco vitórias consecutivas —, parecia favorito. No entanto, o Negreiros lutava desesperadamente pela permanência na 1.ª Divisão e só a vitória lhe interessava... e conseguiu-a.

Bastou um golo solitário de Huguinho, apontado aos 25 minutos, para garantir os três pontos. A equipa segurou a vantagem até ao fim, num esforço coletivo que valeu ouro. Foi o fim de uma longa caminhada com a calculadora na mão — pelo menos nas últimas sete jornadas — e a recompensa foi a manutenção.

Já o Palme, apesar da boa fase final, viu quebrada a sua série positiva e entrou em campo nesta jornada, com o 4.º lugar garantido e, embora o 3.º ainda fosse matematicamente possível, não mostrou argumentos para lutar por um resultado positivo.

O Negreiros volta assim a garantir a permanência na última jornada, tal como na época passada, quando também escapou à descida num jogo decisivo frente ao São Martinho.

Várzea 1-1 GDR Campo

GDR Campo segura empate e garante permanência num duelo de recém-promovidos

Este era, sem dúvida, o jogo mais importante da jornada, com duas equipas a lutarem pela permanência, cada uma a depender apenas de si — sem calculadoras, sem depender de terceiros.

Ao Várzea, só a vitória interessava, mas viu-se em desvantagem logo aos 17 minutos, com um golo de Tiaguinho, complicando ainda mais as contas. Já na segunda parte, Rui Faria ainda reacendeu a esperança da reviravolta ao empatar aos 57 minutos, mas o GDR Campo conseguiu segurar o empate até ao apito final. O ponto somado foi suficiente para garantir, com muito sofrimento, a permanência na 1.ª Divisão.

Curiosamente, este duelo colocava frente a frente duas equipas que tinham subido ao escalão máximo do futebol popular de Barcelos na época anterior. O GDR Campo foi, aliás, a única das quatro equipas promovidas que conseguiu manter-se entre os grandes. Lijó e Fragosos também tinham subido, mas fizeram uma “ida e volta” imediata. O Perelhal, por sua vez, acabou por descer, trocando de lugar com o GDR Campo.

Perelhal 0-6 Remelhe

Perelhal cai com estrondo e confirma descida num pesadelo frente ao Remelhe

Foi um verdadeiro murro no estômago para o Perelhal. Com a conjugação de alguns resultados possíveis, um simples empate poderia ter sido suficiente para garantir a permanência na 1.ª Divisão. Fechadas as contas, confirma-se: um empate bastava, pois, em igualdade pontual com o GDR Campo, era este último quem desceria. Mas a verdade é que o Perelhal fez pouco ou nada para merecer esse desfecho feliz.

Numa manhã completamente desastrada, a equipa deparou-se com um Remelhe que, apesar de já ter praticamente garantido o 3.º lugar da tabela, entrou em campo com seriedade e respeito pela verdade desportiva — como é habitual nas equipas orientadas por Miguel Sá Pereira, conhecidas pela vocação ofensiva e compromisso competitivo.

Logo ao primeiro minuto, Mimas inaugurou o marcador e começou a traçar o destino do Perelhal. Aos 8 e 18 minutos, Kiko bisou e fez o 0-3. Completamente desorientada, a defesa do Perelhal não conseguiu evitar o 0-4 por Cenoura aos 21 minutos, nem o 0-5 de José Pedro aos 33. Ao intervalo, o pesadelo já estava instalado: 5-0 para o Remelhe.

Na segunda parte, o Remelhe geriu o jogo com tranquilidade, mantendo o controlo até final. Ainda houve tempo para Gonzalez fechar a goleada com o 0-6, já nos descontos.

Miguel Sá Pereira chegou ao Remelhe quando o título já era praticamente uma miragem. Ainda tentou ir longe na Taça, mas a equipa caiu pelo caminho. No entanto, com os ajustes certos — e com o apoio de uma estrutura que oferece condições que muitos outros clubes não têm —, o Remelhe promete ser um sério candidato ao título na próxima temporada.

Do lado do Perelhal, o desfecho é frustrante. Uma equipa que, em três épocas, passou do céu ao inferno. Naturalmente, a saída de várias das suas “vedetas” pesou. Ainda assim, fica uma palavra de apreço para o treinador, que com uma equipa praticamente construída do zero, realizou um campeonato digno — só falhando nas jornadas decisivas.

Carapeços 6-1 Fragoso

Carapeços goleia na despedida e deixa Fragoso em incerteza total

O Carapeços fechou a época diante dos seus adeptos com uma vitória expressiva por 6-1 frente ao já despromovido Fragoso, encerrando assim uma temporada sofrida, mas que terminou em festa. Já o Fragoso quis apenas colocar fim a um autêntico pesadelo, terminando o campeonato com os piores registos da 1.ª Divisão: pior ataque e pior defesa — apenas 27 golos marcados em 26 jogos e 89 sofridos, uma média de 3,4 por partida.

Com um banco reduzido a apenas dois suplentes, o Fragoso entrou em desvantagem logo aos 10 minutos com o golo de Nakata. Aos 25, Né apontou o melhor golo da tarde com um remate certeiro para o 2-0. Nakata bisou aos 30 minutos, fechando o 3-0 com que se chegou ao intervalo.

Ainda na primeira parte, aos 20 minutos, o Fragoso ficou reduzido a 10 jogadores, situação que agravou-se na segunda parte. O Carapeços aproveitou a superioridade numérica e continuou a pressionar: Pedro, recém-entrado, marcou aos 75 e 80 minutos, elevando para 5-0. Aos 85, João apontou o golo de honra do Fragoso, mas já no fim, Samuel — num momento especial de despedida do Carapeços e, provavelmente, da sua carreira no futebol popular — selou o resultado final em 6-1.

Com esta vitória, o Carapeços assegura o 5.º lugar num ano de transição, tanto a nível de plantel como de direção. Ainda assim, fica a sensação de que podia ter feito mais, já que foi preciso recorrer à calculadora nas últimas jornadas.

O Fragoso, por sua vez, enfrenta agora um futuro incerto. Com eleições para os órgãos sociais à porta e pouca motivação visível entre os elementos da terra, a continuidade do clube no futebol popular de Barcelos na próxima época está, neste momento, em risco.