José Ribeiro é residente em Arcozelo, Barcelos. Possui o nível I (UEFA C) na categoria de treinador. Fez toda a sua formação como jogador no Gil Vicente, passando pelos escalões de Infantis, Iniciados, Juvenis e Juniores. Como jogador sénior, iniciou a sua carreira no C.F. Os Ceramistas e jogou ainda no U.D. Vila Chá, Naval 1º de Maio, Antas FC, GD Apúlia, Águias de Alvelos, GD Fragoso e AD Carvalhal.

Curiosamente, José Ribeiro iniciou a carreira de treinador no GDR Campo. Atuou como adjunto nos seniores do Santa Maria e na formação do Gil Vicente. Além disso, também em formação, treinou as formações do Barroselas, Ninense, Roriz e União de S. Veríssimo, antes de regressar ao GDR Campo. Pegou neste clube no início de época, sagrou-se campeão de série e conseguiu trazer o GDR Campo de volta à 1ª Divisão.

Domingo às Dez: Estamos aqui com José Ribeiro, o mister que levou o GDR Campo de regresso à 1ª divisão na temporada 2023-2024 e campeão de série. José, é um prazer tê-lo connosco!

Resposta: Eu é que agradeço o vosso convite.

Pergunta: José, é residente em Arcozelo, Barcelos, e possui o nível I (UEFA C) na categoria de treinador. O que o motivou a seguir a carreira de treinador após a sua experiência como jogador?

Resposta: O Futebol sempre fez parte da minha vida, é o percurso normal de alguém que tem uma paixão enorme por este desporto.

Pergunta: Pode-nos contar um pouco mais sobre a sua formação como jogador no Gil Vicente e como essa experiência influenciou a sua abordagem ao treino?

Resposta: O futebol de formação no final da década de 80 era muito diferente do que é hoje em dia, a metodologia de treinos evoluiu muito e hoje existe muito mais informação e condições para os treinadores trabalharem. Mas houve um treinador que me marcou muito o Mister Simões, antiga Glória do Gil Vicente.

Pergunta: José, como jogador sénior, iniciou a sua carreira no C.F. Os Ceramistas e jogou ainda no U.D. Vila Chá, Naval 1º de Maio, Antas FC, GD Apúlia, Águias de Alvelos, GD Fragoso e AD Carvalhal. Pode-nos contar um pouco sobre a sua trajetória por estes clubes e destacar algum momento ou experiência que tenha tido um impacto significativo na sua carreira?

Resposta: Todos os jovens têm o sonho de ser profissionais de futebol e chegar ao topo, eu não era diferente! A passagem pela Naval 1º de Maio onde fui profissional acalentou-me esse sonho, mas o futebol e as condições dessa altura acabaram por me fazer regressar para a minha zona de conforto e dos meus.

Pergunta: O que o levou a iniciar a sua carreira de treinador no GDR Campo? Quais foram os principais desafios que encontrou?

Resposta: A minha passagem pelo GDR Campo pela primeira vez é uma história peculiar. O Clube vivia um período atribulado com a falta de listas para formar uma nova direção. O grupo de Veteranos do GDRC onde eu pertencia ajudou a elaborar uma lista para formar uma nova direção. O plantel estava praticamente definido (nesses tempos só podiam jogar 3 atletas fora da freguesia), no dia da apresentação o treinador não compareceu e acabei por ficar como treinador da equipa durante essa época.

Pergunta: Além do GDR Campo, treinou também as formações do Barroselas, Ninense, Roriz e União de S. Veríssimo. Pode-nos falar sobre as principais diferenças e aprendizagens nestes clubes?

Resposta: Acho que para um treinador não há nada mais aliciante do que treinar atletas em formação, onde podemos constatar a evolução e a qualidade do nosso trabalho de uma forma mais evidente. A AD Barroselas é um clube formador onde normalmente tem as equipas da sua formação a disputar os campeonatos nacionais, aliás têm saído bastante atletas para clubes de grande dimensão nacional fruto desse mesmo trabalho, a qualidade de treino e a exigência são maiores. Na maior parte dos clubes e sem individualizar nenhum, olham para a formação como uma fonte de receita e não com o intuito de formar atletas. Uma aposta clara na formação demora muitos anos a dar frutos e os clubes não têm esse tempo, nem paciência!

Pergunta: Ao regressar ao GDR Campo, pegou na equipa no início de época e conseguiu sagrar-se campeão de série, trazendo o clube de volta à 1ª Divisão. Qual foi a chave do sucesso nesta campanha?

Resposta: O sucesso dá muito trabalho, foi essa a chave do nosso sucesso! No frio, na chuva, continuamos a treinar e a trabalhar com 26 atletas, formando um grupo fantástico que nunca deixou de acreditar que era possível. Em muitos anos de treino, foi possivelmente o melhor “balneário” que encontrei, onde em cada percalço encontrávamos motivos para seguir em frente e chegamos…

Pergunta: O quão difícil foi subir o GDR Campo à 1ª Divisão e sagrar-se campeão? Pode-nos falar sobre os momentos mais difíceis e como a equipa conseguiu superá-los? Além dos seus jogadores quem mais contruiu para este sucesso alcançado.

Resposta: Os momentos mais difíceis da época foram sem dúvida as lesões muito graves de dois atletas: o Serginho na 3ª jornada e o Zeca na 4ª jornada. Lesões que os afastaram do resto da época e possivelmente do início da próxima.

Os jogadores foram sem dúvida os maiores responsáveis, mas houve muita gente que tem uma grande quota neste sucesso, a começar pela direção que em praticamente dois anos levou um clube sem atividade, ao título de campeão da segunda divisão, muitos deles estiveram semana após semana do nosso lado e eles/elas sabem o quanto foram importantes para nós. Aos meus adjuntos: o Roberto e o Rui, muitas vezes na sombra foram muito determinantes; o fisioterapeuta Ricardo pelo profissionalismo e amizade desde o primeiro dia; ao Sr. Alfredo Braga o Delegado aos jogos que tanto sofreu connosco no banco; ao “Staff“: Cestas, Tiago, Dinâmico e Xavier que treino após treino, jogo após jogo nos deram todas as comodidades e conforto; aos sócios e simpatizantes do GDR Campo que nos empurraram muitas vezes para a vitória e finamente a minha família, especialmente a minha esposa e a minha filha que sofrem por fora e ainda têm que aguentar com as minhas asias (felizmente esta época não foram muitas).

Pergunta: Quais são os seus objetivos futuros como treinador? E quais são as suas aspirações para o GDR Campo na próxima temporada? Campeão?

Resposta: O mais importante é sentir que o nosso trabalho é reconhecido, mais do que qualquer objetivo pessoal é acreditar num projeto e ajudar a realiza-lo. O GDR Campo na próxima época não vai alterar a sua identidade, vamos continuar a ser uma equipa competitiva que entrará em cada jogo para vencer. Não somos melhor que os outros, mas somos diferentes, muito diferentes!

Pergunta: Qual foi o momento em que ficou convicto de que levaria a equipa do GDR Campo à 1ª divisão?

Resposta: Acho que o momento determinante foi a derrota em Aborim à oitava jornada onde ficamos a 9 pontos do Sequiade e a 5 do Lijó, acho que essa derrota nos obrigou a ser mais fortes e mais determinados. No final do jogo a equipa soube se reerguer, nas restantes 16 jornadas obtivemos 14 vitórias e 2 empates

Pergunta: Descreva-me o melhor momento e o pior momento que sentiu ao longo da época no banco de suplentes.

Resposta: O melhor momento foi sem dúvida a alegria no rosto de muita gente após o apito final do jogo em Abade de Neiva, que nos deu o título, houveram pessoas que muito trabalharam para que esse momento chegasse e foi muito reconfortante ver o brilho no olhar dessas pessoas. O pior momento já falamos sobre isso foi sem dúvida as lesões graves de dois atletas.

Pergunta: Que balanço faz do desempenho de todas as equipas da popular 2ª divisão incluída? Diga-me as que o surpreenderam pela negativa e pela positiva.

Resposta: O nível competitivo no futebol popular teve um crescimento enorme, a qualidade das equipas, jogadores, árbitros e treinadores é hoje muito maior e isso reflete-se nas competições tanto na segunda como na primeira divisão. Outro aspeto importante são os recintos dos jogos que hoje em dia têm melhores condições e assim permitem melhores espetáculos. Não gosto de falar sobre equipas que não tenho conhecimento suficiente para dar uma opinião, porque não sabemos quais os problemas que enfrentaram durante a época, quais as dificuldades que tiveram que ultrapassar! Por esse motivo resta-me dar os parabéns aos Leões da Serra pelo título de campeão da primeira divisão ao Remelhe pela conquista da Taça Cidade e Barcelos, ao Várzea pela conquista do título da segunda divisão série B e ao Lijó e ao Fragoso pela subida de divisão.

Domingoasdez: Obrigado, José, por partilhar a sua história e insights connosco. Desejamos-lhe o maior sucesso nas próximas etapas da sua carreira e na evolução do GDR Campo.