GRUPO DESPORTIVO E RECREATIVO DE CAMPO EM ENTREVISTA
No último domingo, o “Domingo às Dez” marcou presença em Campo, para a cobertura do primeiro jogo oficial disputado nas novíssimas e remodeladas instalações desportivas do GDR Campo. Estiveram em confronto o clube da casa e o Palme FC. A crónica do jogo e a respetiva cobertura fotográfica estarão postadas noutro lugar deste periódico informativo. O que nos apraz registar e que achamos que qualquer adepto de futebol, livre de qualquer prurido clubístico sentirá o mesmo, é a onda evolutiva que está a inundar os clubes do Popular de Barcelos, no que concerne à apresentação da requalificação e modernização das suas instalações desportivas. Uma parte significativa dos clubes que disputam o Campeonato Popular de Barcelos pugna por apresentar as melhores condições de treino e de jogo, para a prática do futebol. Boas condições de segurança, dignidade e urbanidade na prática desportiva. Neste particular Barcelos estará no pelotão da frente a nível nacional, com a cadência marcada por pessoas altruístas e generosas, que trabalham pelo bem comum, tendo o indispensável apoio do poder autárquico e das populações.
Fomos ao encontro do presidente do GDR Campo Armindo Freitas e da vice-presidente Carmo Freitas, para tentar perceber os requisitos e trabalhos necessários para se apresentar as instalações do modo que se adivinham ficar. Umas instalações voltadas para o seculo XXI. Num gesto de boa vontade, conseguiram estes dois elementos dos Órgão Sociais do GDR Campo arranjar uns minutos para a entrevista concedida, na sua preenchidíssima agenda profissional. Não esquecer que os dirigentes do “Popular de Barcelos” são dirigentes por “carolice”, as suas verdadeiras profissões são outras, com a entrega e exigência específicas. Estão no dirigismo desportivo, não por dinheiro, mas movidos por aspetos relativos à filantropia e altruísmo.
“Domingo às Dez”- Querem fazer um resumo de como nasceu a ideia para se partir para as obras tão significativas de requalificação das vossas instalações desportivas?
GDRC (Armindo e Carmo Freitas) - O nosso clube é um clube histórico, com tradições no desporto regional e concelhio que vem dos anos 50 do século passado. Vem do tempo de juventude dos nossos pais. Teve e tem uma história, com altos e baixos, como qualquer outra instituição e clube. Andou no pelotão da frente do desporto concelhio nos anos 80 do século passado. Foi federado na AF Braga. Na parte cultural, teve um Grupo de Teatro, uma Banda Popular, um Grupo Coral e uma Ronda Típica. Nos anos 90 começou a “perder gás”. Mas nos últimos sete, oito anos, teve mais baixos que altos. Começou a definhar... Deixou de apostar no futebol de formação, a parte cultural baseava-se simplesmente numa cerimónia anual de comemoração do aniversário da associação, deixou de competir com a sua equipa sénior no Campeonato da AFPOBAR, mantendo-se apenas em atividade a equipa de Velhas-Guardas. Em 2019/2020 estava o clube a ser dirigido por uma Comissão Administrativa, que fazia o que podia, para manter o “barco” à tona da água, mas não era fácil. A pandemia do covid foi o golpe de misericórdia e o clube estagnou. As instalações desportivas entraram num processo de ruina acelerada. Era preciso dar a volta a isto…
“Domingo às Dez”- Houve um afastamento dos sócios?
GDRC- Claro que sim. Sem qualquer atividade nas instalações, um campo de futebol em completo abandono e a definhar, afastou sem dúvida a maioria dos sócios e seus descendentes. A verdade é que não tínhamos estrutura ou condições para competir com os nossos vizinhos, que apresentavam instalações desportivas renovadíssimas, muito mais apelativas para a prática desportiva e começaram a recrutar e captar os jovens praticantes oriundos de Campo. Portanto, o primeiro passo teria de ser necessariamente este, renovar e modernizar as nossas instalações para acertar o passo pelo exemplo dos clubes vizinhos e rivais, que se anteciparam e trilharam o caminho do futuro e da evolução, não só o fizemos mas quisemos mais e o melhor.
“Domingo às Dez”- Mas uma obra desta envergadura traduz-se em custos elevadíssimos e onerosos. Querem detalhar os montantes aplicados e o modo como o conseguiram, que apoios institucionais e particulares tiveram?
GDRC- Sim, já lá iremos. Como se diz na gíria, comecemos pelo princípio, correndo o risco de nos tornarmo-nos prolixos, mas temos que detalhar bem isto, para explicar que nada cai do céu, é preciso muito trabalho e o compromisso dos elementos dos órgãos sociais, de muitas instituições, autarquia e particulares. Temos a maior direção de sempre, mas todos somos poucos. Houve necessidade de reunir sinergias. Então foi assim. Em Outubro de 2021, vinte e um elementos tomaram posse, sendo que na primeira reunião já havia uma certeza, a necessidade de avançar com a requalificação das instalações desportivas que se apresentavam ultrapassadas e obsoletas. No projecto apresentado, o que eram muros feios, altos e claustrofóbicos davam lugar a um “open space” convidativo e a passar a imagem do convite a que quem passava fora, que entrasse. O que eram três balneários exíguos e com poucas condições de habitabilidade davam lugar a 6 balneários espaçosos e dignos. A Direcção não tinha um lugar de reunião, com espaço bastante para acolher, por exemplo uma Assembleia Geral de sócios. Agora tem e já em fase de ultimação dos trabalhos. Quando tudo estiver terminado, iremos apresentar umas instalações desportivas modernas, práticas e apelativas. Não procuramos opulência, até por que a vaidade é inimiga do prático, além disso, custa dinheiro, mas terá que haver condições mínimas de habitabilidade. Com este projecto julgamos ter atingido esse objectivo, sendo sem dúvida o primeiro e o mais importante desta Direção. As sociedades ocidentais evoluíram e estão agora mais exigentes. Temos que acompanhar essas exigências. A área de convívio é agora iluminada naturalmente e ampla, fazendo com que os seus utilizadores se sintam bem. Teremos uma zona exterior com mesas e cadeiras, para se desfrutar de cada jogo como espetáculo, enquanto tomam uma bebida ou um café, comodamente sentados, em condições de salubridade, urbanidade e, sobretudo, segura para crianças e idosos. Teremos condições para as famílias virem juntas ao futebol, como vão ao cinema. Uma zona de bancadas limpa e asseada, de modo que os visitantes e espectador possam vir assistir ao espetáculo que é um jogo de futebol de sapatos engraxados e as senhoras virem de salto alto e saírem daqui com eles limpos como entraram. Um parque infantil onde pais e filhos podem desfrutar de mais tempo juntos. E finalmente, a cereja no topo do bolo. O “peladão” saibroso, duro e abrasivo, às vezes lamacento, deu lugar a um tapete fofo e verde, bem mais amigo da pele dos joelhos dos jogadores (risos…). Concebemos um projeto para todos! Um projecto inclusivo.
“Domingo às Dez”- E tudo isso pela quantia de…?
GDRC- Bom, o valor inicialmente previsto foi de aproximadamente 380 000 00€, era esse o primeiro valor orçamentado. Como qualquer outra obra, esta também derrapou... mais uma exigência legal, mais uma alteração que se impunha, uma coisa leva à outra, de modo que esse orçamento foi um pouco mais elevado. Estamos a falar de um valor final estimado de 440 000 00€. Parece algo elevado, mas não podemos esquecer que das instalações antigas ficou apenas o espaço. Tudo foi construído de raiz, tudo!
“Domingo às Dez”- Mas ainda há a possibilidade de mais derrapagens?
GDRC- Estando em fase de acabamentos, já temos uma visão mais aproximada dos custos finais, mas a inflação continua desgovernada e os efeitos da atual guerra na Ucrânia continuam incertos e negativamente impactantes no fornecimento e preços dos materiais. Para além disto, também lidamos com contingências meteorológicas, chuva persistente, que naturalmente atrasou o normal decorrer dos trabalhos. Felizmente, com o esforço e boa vontade dos vários grupos de trabalho, as obras continuam a evoluir e aqui chegados, resta-nos agradecer a todos os intervenientes que tornaram possível a estreia das instalações no passado domingo, 10 meses após o início dos trabalhos de demolição e limpeza. Não foi nada fácil…
“Domingo às Dez”- Podem especificar os montantes das comparticipações?
GDRC- Em traços muito gerais, até por que não fechamos ainda o Relatório de Contas relativas ao ano de 2022, podemos dizer que não recebemos ainda qualquer quantia da parte da CM de Barcelos, mas almejamos receber o equivalente ao que outros clubes nas mesmas circunstâncias e com projectos similares já receberam, ou seja 100 000 00€. A adesão à campanha da venda do metro quadrado tem sido lenta, tendo encaixado até à data cerca de 4 500 00€. Esperamos e temos necessidade de um maior encaixe. De mecenas particulares (que preferem manter o anonimato, o que respeitamos) e de empresas, recebemos até ao momento: 60 000 00€. Ainda falta muito para cobrir a despesa total, mas com o início dos jogos em casa, a exploração do bar, a adesão de novos sócios, a adesão à campanha de venda de metros do relvado, a venda rifas, poderemos vir a encaixar receitas, as quais não conseguimos ainda e a esta distância quantificar. Mas, o caminho faz-se caminhando. Roma e Pavia não se fizeram num dia, mas esta Direcção é incansável, acredita que os residentes da freguesia irão colaborar (cada um, na medida da suas possibilidades), e com o apoio dos sócios, dos amigos e simpatizantes do GDR Campo, vai com certeza esta Direcção levar o barco a bom porto. Assim esperamos.
“Domingo às Dez”- Qual a data prevista para a conclusão das obras? Já tem data de inauguração prevista?
GDRC-Prevemos a conclusão das pequenas “coisas” que faltam para o mês de Abril e apontamos a inauguração para Maio, isto mera antevisão, até por que teremos que coordenar a Cerimónia de Inauguração com a disponibilidade de agenda do Sr Presidente da Camara e do Vereador do desporto, que nos honrarão garantidamente com a sua presença.
“Domingo às Dez”- Quando tudo finalizado e o clube entrar nos carris, que projectos futuros para o GDR Campo?
GDRC- O segundo grande objetivo desta Direção foi criar uma equipa sénior e voltar ao Futebol Popular de Barcelos, o que não existia desde 2018. Manter a equipa de seniores e a equipa de Velhas-Guardas a competirem nos respectivos campeonatos. Isso foi conseguido. O próximo passo será reativar o futebol de formação, terceiro grande objetivo desta Direção, e em simultâneo, reunir os atuais sócios e promover a sua participação na vida e nas iniciativas recreativas e culturais a implementar no clube. O jogo de domingo foi uma amostra de que as pessoas de Campo tinham saudade de ver futebol, no seu campo de jogos. Oxalá se mantenha este ímpeto e se continue a verificar enchentes. Estamos a finalizar protocolos e parcerias com clubes de elite nacional para fazerem do GDR Campo um polo de formação. Esta direção é ambiciosa e tem vontade de trabalhar. Creio que já o demonstramos e não ficaremos por aqui.
“Domingo às Dez”- Agradecemos o tempo que dispensaram ao nosso jornal desportivo de informação regional. Para terminar, desejam fazer alguma referência ou fazer algum apelo?
GDRC- Finalizamos com os indispensáveis e devidos agradecimentos e um apelo:
Agradecer a oportunidade que nos dá o “Domingo às Dez” em divulgar o nosso trabalho e os nossos anseios;
Agradecer a possibilidade de reunir sinergias de entidades determinantes para este projeto, nomeadamente à Paróquia de Campo, na pessoa do Sr. Padre Granja e ao Conselho Paroquial para os Assuntos Económicos da Igreja de Campo, que é o locador de uma parte substancial do terreno onde está implantado o campo de jogos e anexos associados. O contrato de arrendamento outorgado, com a garantia de cedência do terreno por um período 25 anos renovável, foi fundamental para se puder garantir os apoios institucionais;
À Junta da União de Freguesias, sempre presente no apoio e como elo de ligação entre o GDR Campo e a CM de Barcelos;
Ao FC Roriz e à ACD Carapeços e outros, por nos facultar a utilização das suas instalações desportivas quando o clube andava com “a casa às costas”;
À AFPOBAR e aos clubes que participam na nossa série do campeonato, nos facilitaram a inversão do calendário de jogos, permitindo que a 2ª volta seja praticamente disputada em “nossa casa”;
Finalmente, mas não menos importantes, às pessoas que nos apoiam incondicionalmente e estiveram presentes connosco Direcção, desde a primeira hora e nos garantiram que o sonho seria possível. Apoiaram e continuam a apoiar;
Terminamos com um apelo às pessoas que amam o GDR Campo. Sejam ou não de Campo. Compareçam nos jogos, o vossa presença, incentivo e colaboração é indispensável. Tragam a família. O recinto será propício a isso. Foi concebido como um espaço para todos! Metam na vossa agenda “domingueira” o hábito de vir ver o futebol, degustar uma bifana e comprar uma rifa. O clube precisa, os jogadores precisam do vosso apoio. Não podemos ainda prometer só vitórias e jogos de qualidade. Mas as bifanas são de qualidade garantida sempre (risos). Apareçam!