O Estádio Cidade de Barcelos foi, mais uma vez, palco da Supertaça da Associação de Futebol de Barcelos. De um lado, o Carvalhal, campeão da 1ª divisão do Popular, do outro, o Oliveira, vencedor da Taça Cidade de Barcelos na temporada transata. Pela sexta vez a participar numa final, o Carvalhal conseguiu o feito inédito de vencer o troféu. Os homens de Bruno Vilas Boas mostraram-se mais experientes e souberam gerir os tempos de jogo, levando de vencida a formação de Ricardo Escudeiro, que pagou caro os erros defensivos. Foi uma bancada de fazer inveja aos escalões profissionais do futebol português aquela que se fez representar no maior estádio barcelense. Uma claque organizada vinda de Oliveira fez-se ouvir durante os 90 minutos, embora os mais calados carvalhenses tivessem sorrido no final.

Embalada pelos cânticos e inúmeras tarjas que os seus adeptos levaram para o estádio, a equipa de Oliveira entrou melhor, conquistando um canto logo no primeiro minuto de jogo. A formação de Escudeiro apostou no trabalho das bolas paradas usando, por vezes, a famosa estratégia que a Inglaterra colocou em prática no Mundial da Rússia, em que os jogadores se colocam todos à entrada da área e procuram dispersar-se pela mesma no momento em que a bola é batida, baralhando as marcações.

Aos sete minutos começava o festival de desperdício de Joca Salgado. Gueu, o baixinho canhoto do Carvalhal, colocou em Joca que permitiu a intervenção de um adversário. Dois minutos depois, a história repetia-se. Gueu a trocar as voltas a Brás, cruza para a área e novamente Joca a falhar uma oportunidade clamorosa, permitindo a Diogo uma defesa fácil.

Aos 12 minutos de jogo, a formação de Oliveira reagiu, através de mais um pontapé de canto trabalhado. Papagaio subiu mais alto que aos defesas e cabeceou pouco acima da barra. O Oliveira tinha mais bola, mas o Carvalhal saía com perigo para a transição e, aos 15 minutos, Salgado voltou a falhar o golo. Depois de rodar muito bem sobre um adversário, o avançado de Carvalhal rematou fraco para defesa de Diogo.

Diz-se que à terceira é de vez, mas neste caso foi à quarta. A pressão alta do Carvalhal surtiu efeito e a equipa de Vilas Boas conseguiu recuperar a bola ainda no meio campo adversário. De seguida, um cruzamento rasteiro do lado esquerdo foi ter com Joca Salgado e o ponta de lança abriu o marcador. Depois do golo, Joca dispôs de mais uma boa oportunidade. Após uma excelente jogada de envolvimento da formação de Carvalhal, o camisola 56 permitiu mais uma intervenção de baixo grau de dificuldade ao guardião do Oliveira.

Se os remates de dentro da área não surtiam efeito, Osso tentou à lei da bomba. O defesa do Oliveira rematou junto ao primeiro poste, mas Vieira negou-lhe o golo com uma excelente intervenção.
Pouco depois da meia hora de jogo, Liedson fez o 2-0 para os campeões do Popular. O irrequieto camisola 22 do Carvalhal rematou de fora da área e com a ajuda do toque de um adversário aumentou o marcador. O segundo golo do Carvalhal gerou muita polémica (Escudeiro falou disso após o encontro), pois os adeptos do Oliveira queixavam-se de uma suposta falta de Liedson sobre Brás momentos antes de rematar.

A equipa do Oliveira tentava reagir e, aos 36 minutos, dispôs de duas situações de muito perigo, onde rondou a baliza do Carvalhal, mas não conseguiu rematar. Faltava critério na finalização aos homens de Ricardo Escudeiro.
Ainda antes do intervalo, saiu Taxas (médio) para a  entrada Seven. Escudeiro procurava mais velocidade no setor ofensivo da sua equipa e abdicou de um médio, para colocar em campo um avançado.

Os jogadores recolhiam ao balneário após uma primeira parte muito bem disputada, onde o Oliveira foi sempre a equipa com mais posse de bola, mas o Carvalhal soube atacar no momento certo. A defesa do Carvalhal esteve intransponível, Gala e João Gomes formaram uma dupla de centrais de ferro e não permitiram que os avançados do Oliveira conseguissem finalizar. Partindo em transições rápidas, a equipa de Carvalhal conseguiu “ferir” o Oliveira, sobretudo pelos pés de Liedson e Joca Salgado, que dispôs das melhores oportunidades de golo. O Oliveira, por sua vez, mostrava facilidade na construção e a chegar ao último terço do terreno, mas não conseguia finalizar da melhor maneira as oportunidades de que dispunha. Contudo, a defesa era o pior setor, não conseguindo controlar os homens da frente de Carvalhal. Em suma, o Carvalhal parecia uma equipa mais oleada para começar a temporada, enquanto o Oliveira mostrava que ainda não assimilou bem todos os processos, fundamentalmente o defensivo.

A segunda parte arrancou com uma toada muito morna. O Oliveira continuava com mais bola e Carvalhal, organizado no seu meio campo, ia defendendo a vantagem. Aos 42 minutos, amarelo para Papagaio e Liedson, depois de uma pequena briga dentro das quatro linhas. À passagem do minuto 55’, canto para o Oliveira (novamente a atacarem como a Inglaterra), a bola fica a pingar na pequena área mas ninguém remata. Na sequência, novo canto e novamente ninguém a finalizar na pequena área.

O Oliveira tentava reduzir a vantagem e, pouco depois, Osso dispôs de um livre lateral e rematou com perigo, quando toda a gente esperava um cruzamento.
Escudeiro tentava refrescar a sua equipa e fez entrar Lucas para o lugar de Capela. O 6 do Oliveira entrou para médio, mas nos instantes finais baixou para lateral direito.
Por sua vez, no Carvalhal, saiu João Bruno e entrou o nº16 Fábio, para o lugar de médio mais recuado. Piloto (cap.) avançou no terreno, com mais liberdade para usar os seus argumentos técnicos.

O Oliveira mantinha-se com mais bola mas, tal como na primeira parte, os campeões do Popular mantinham-se compactos na defesa. Antes do terceiro golo da tarde, tempo para Piloto mostrar porque é que Vilas Boas o adiantou no terreno e, com alguns pormenores deliciosos, colocou Rui Dias em boa posição, mas o esquerdino não conseguiu faturar. À passagem da meia hora do segundo tempo, eis que Joca Salgado bisa no encontro. Na direita, o lateral que também dá pelo nome de Joca, cruzou e, à boca da baliza, o avançado do Carvalhal fazia o 3-0. Já poucos acreditavam que a taça escaparia aos campeões da temporada pasada.

A resposta do Oliveira surgiu aos 78 minutos, após Seven ter sofrido falta dentro da grande área adversária. O juiz da partida apitou para a marca dos 11 metros e, de forma irrepreensível, Russo bateu Vieira. Faltavam 12 minutos para jogar e a claque do Oliveira voltava a ganhar ânimo. Depois de o Oliveira ter reduzido o marcador, poucas ou nenhumas oportunidades de golo houve a registar.

A partida terminou com a vitória do Carvalhal por 3-1,que mostrou ser uma equipa mais madura e foi um justo vencedor. O Oliveira foi um finalista que batalhou muito, teve mais posse de bola, mas demonstrou algumas falhas e arestas por limar. Concluindo, um bom dia de Taça, bom ambiente nas bancadas e duas equipas que proporcionaram um bom espetáculo, dentro das quatro linhas.

No final do encontro, Ricardo Escudeiro felicitou a equipa do Carvalhal e destacou “a experiência e maturidade” que a caracterizam deixando, ainda, críticas à arbitragem, pelo que sente que “durante a época o Oliveira vai ter de lutar contra os adversários e alguns obstáculos que serão colocados” pelas equipas de arbitragem. O técnico do Oliveira destacou o segundo golo sofrido que, na sua opinião, “matou o jogo”.

Já Bruno Vilas Boas, destacou “a união e espírito de camaradagem do grupo” que lidera, reconhecendo a qualidade que dispõe no seu plantel. Vilas Boas referiu, ainda, a “capacidade que a equipa tem para gerir os tempos de jogo e a forma como se adaptou ao tamanho do relvado”. Quanto aos objetivos para a nova temporada, assume que “a fasquia ficou ainda mais elevada” e, “embora o bicampeonato seja uma ambição”, reconhece que há “adversários de excelente qualidade, que se reforçaram muito bem no mercado”.